esse é um texto sobre o melhor nhoque da minha vida, mas também é a história dos nhoques que me ensinaram a fazê-lo.
o nhoque entrou na minha vida depois do veganismo, por isso, eu nunca usei ovos para prepará-lo — nem sei se é um ingrediente presente na receita original, mas acredito que algumas pessoas o usam por ser uma saída fácil para uma massa estruturada. de qualquer maneira, meu nhoque é apenas farinha, batata & sal. os poucos ingredientes são compensados com alguns segredos-não-secretos indispensáveis para chegar na massa perfeita: leve e firme.
🥔 segredo-não-secreto número 1
a primeira vez que eu fiz nhoque foi um desastre.
descasquei e cozinhei batatas inglesas. depois de cozidas, amassei até virar um purê e adicionei farinha branca logo em seguida (o grande erro). eu não segui nenhuma receita, por isso fui adicionando farinha aos poucos, mas a massa nunca chegava no ponto. quando me dei conta, já tinha colocado mais de meio quilo de farinha & a massa continuava mole. merda, algo não estava certo.
naquela altura, meu objetivo já não era mais acertar a receita, eu só queria chegar em algo comestível pra não desperdiçar os ingredientes. tive a ideia de adicionar glúten em pó que eu tinha na dispensa, exclusivamente, porque E. tinha usado pra fazer uma espécie de linguiça vegana. deu certo: a massa bem sovada ficou com estrutura suficiente para formar minhoquinhas que foram cortadas em retângulos e cozidos em água fervente. mas deu errado também: os nhoques ficaram muito pesados e com gosto de farinha. nota: 1/10.
o grande erro, descobri depois, foi incorporar a farinha nas batatas ainda quentes. elas precisam esfriar primeiro: esse é o segredo-não-secreto número um.
🥔 segredos-não-secretos número 2 e 3
sabendo que as batatas precisavam esfriar, eu incluí essa etapa no meu fazer, mas segui usando farinha branca & batatas inglesas. isso resultava numa massa leve e possível de modelar, mas que ainda não ficava firme como eu gostaria. algo ali podia melhorar.
um dia, conversando com uma amiga, ela disse que usava batata rosa pra fazer nhoque e eles ficavam bem firmes, só que ela também usava ovos na massa & o motivo podia ser esse. achei essa informação valiosa e decidi que meu próximo nhoque seria feito com batata rosa & farinha de sêmola, que é feita com a parte mais nobre do trigo. a sêmola tem mais proteína que a farinha branca, então, fazendo um paralelo com o papel do ovo, eu imaginei que deixaria a massa mais firme. bingo!
esses são os segredos-não-secretos dois e três: use farinha de sêmola & batata rosa.
🥔 relato-receita do melhor nhoque que eu já fiz
existe aquela história do nhoque da fortuna. não sei bem como funciona, só sei que as pessoas comem nhoque no dia 29 de cada mês e colocam dinheiro embaixo do prato, algo assim. eu nunca lembro da tradição a tempo, por isso, esses tempos, eu preparei nhoque para os meus amigos no dia 31 mesmo. foi o nhoque mais gostoso da minha vida & compartilho o modo de preparo abaixo. (sempre que tiver esse emoji “👉” é porque uma informação importante vem em seguida).
eu usei um mix de batata rosa & batata doce que era o que eu tinha em casa. cozinhei elas com casca em água salgada até uma faca atravessá-las com facilidade. cozidas, eu coloquei elas num recipiente onde deixei que esfriassem completamente. 👉 essa é uma etapa importante do pré-preparo, por isso eu gosto de fazer bem cedo pra não apressar as batatas. no dia em questão, cozinhei elas à tarde, assim, quando chegou a hora de preparar a massa, elas já estavam completamente frias.
descasquei as batatas com a mão & transformei-as em purê. no mesmo refratário em que as amassei, fui adicionando farinha de sêmola aos poucos. como esse é um relato-receita, não uma receita, eu não tenho medidas pra te passar. o que eu posso dizer é que 👉 o ponto é, usando a menor quantidade de farinha possível, uma massa que não gruda na mão. dá pra entender?
👉 nessa etapa, use bastante farinha para modelar a massa para que os nhoques fiquem soltinhos: quando cheguei no ponto ideal da massa, arranquei pedaços dela e enrolei formando “minhoquinhas” (a largura é a da sua preferência). depois, cortei as minhoquinhas em pequenos retângulos formando os nhoques. tem gente que faz aquelas ranhuras tradicionais do nhoque com um garfo ou uma ferramenta própria pra isso. eu não faço questão, mas é interessante, porque a ideia é que o molho fique acumulado nessas pequenas cavidades.
depois de cortar a primeira minhoquinha em retângulos pequenos, eu fiz um teste de textura. então, eu coloquei um pouco de água pra ferver e joguei alguns nhoques na água para checar o ponto da massa. no meu caso, estava ótimo, mas se você achar que não estão firmes o suficiente, adiciona mais farinha na massa.
com os nhoques prontos mas ainda crus, eu coloquei água para ferver numa panela grande. na verdade, pra poupar tempo, deixei a água fervendo enquanto eu fazia os nhoques.
depois, eu mergulhei os nhoques na água fervendo e 👉 tirei quando eles começaram a boiar que é o ponto de cozimento ideal.
aqui, o tchan: eu dei uma fritada nos nhoques depois que eles estavam cozidos. coloquei azeite numa frigideira e deixei lá até os nhoques darem uma queimadinha de leve. #umami
quando prontos, eu coloquei eles direto no molho na panela do molho. nesse dia, comemos com molho de tomate caseiro do pai do bruno finalizado com manjericão fresco. 🧑🍳💋
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se esse texto te inspirou a fazer nhoque, me manda fotos. & se você tiver segredos-não-secretos para compartilhar, joga na roda. vamos aperfeiçoar nossos nhoques juntas.
abraços,
luana
ta aí uma coisa que nunca consegui acertar minimamente na cozinha, a vez que cheguei mais próxima foi quando usei a batata rosa assada - pra ter menos água e precisar de menos farinha. mas vou testar mais uma vez com essas dicas preciosas aqui :)